OS PRIMEIROS HABITANTES DA REGIÃO DA GRANDE DOURADOS
Por muito
tempo as populações que moravam nas terras do atual Estado de Mato Grosso do
Sul viviam de coletas de frutas, das colheitas de abóboras, de mandiocas, dos
milhos e das carnes de caças e pescas, buscadas nas intensas matas, campos e nos
muitos rios desta região.
Entre as inúmeras populações que moram nesta região, uma das que mais
se destacavam eram os Guarani-Kaiowá[1],
considerada uma comunidade muito grande, que ocupava
um vasto espaço territorial. Desde as terras onde está situado o município de Maracaju,
Rio Brilhante, que já até se chamou de Cayuás (devido aos inúmeros indígenas Kaiowá
que moram nesta localidade), nas proximidades dos Rios Dourados, Amambaí, Ivinhema
até o Rio Paraná, onde faziam fronteira com outras comunidades indígenas, entre
elas os Guayakis. Essa vastidão de terras praticamente boa parte do sul de Mato
Grosso do Sul, era riquíssima em caça, pesca e frutos.[2]
OS GUARANI-KAIOWÁ
Os Guarani-Kaiowá eram excelentes
caçadores. Durante inúmeras perseguições, eles aprenderam a reconstruir as
formas e movimentos dos animais caçados por eles, por meio das pegadas deixadas
nas lamas, dos ramos das folhas que ficam quebrados nos caminhos, os odores
estagnados em determinado ponto, os pelos que ficam em lugares diversos
percorridos pelos animais, mas compreensível ao ser humano. Os indígenas
aprenderam por meio de suas caças, a interpretarem
os passos dos animais caçados e também a registrarem e a classificarem
pistas infinitamente pequenas. Os indígenas aprenderam a fazer operações mentais
complexas com rapidez fulminante, no interior de uma mata ou num campo cheios
de buracos de tatu onde cavalos e bois, não podem andar. Gerações e gerações de
caçadores enriqueceram e transmitiram esse processo de aprendizagem e de
aquisição de conhecimento que continua ainda até os nossos dias.
O caçador
teria sido o primeiro a “narrar uma história”, porque era o único capaz de ler
ou decifrar nas pistas mudas (se não imperceptíveis) deixadas pelos animais,
uma série coerente de eventos.[3]
[1] Segundo
Capilé e outros chamavam de: OS
CAAYIÚAS, que significa: TOMADORES DE MATE. Mas foi se abrasileirando e foram
chamados de CAYUÁS, depois de CAIUÁS e atualmente o correto é KAIOWÁ.
[2] Importante atividade de marcar os rios citados. Fonte:
CAPILÉ JUNIOR, João A .; CAPILÉ,
Júlio.; CRUZ E SOUZA, M. L. História, fatos e coisas douradenses. Dourados:
s. e., 1995. 394p.
CAPILÉ, Júlio. Antigamente era assim, crônicas. Brasília: Ed. do
Autor, 2004. 319p.
[3] Ver
Mais, GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais; morfologia e história.
Trad. Frederico Carati. São Paulo: Cia das letras, 1989. p. 151.
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