sábado, 9 de agosto de 2014

OS PIONEIROS DA GRANDE DOURADOS

OS PRIMEIROS HABITANTES DA REGIÃO DA GRANDE DOURADOS

Por muito tempo as populações que moravam nas terras do atual Estado de Mato Grosso do Sul viviam de coletas de frutas, das colheitas de abóboras, de mandiocas, dos milhos e das carnes de caças e pescas, buscadas nas intensas matas, campos e nos muitos rios desta região.
Entre as inúmeras populações que moram nesta região, uma das que mais se destacavam eram os Guarani-Kaiowá[1], considerada uma comunidade muito grande, que ocupava um vasto espaço territorial. Desde as terras onde está situado o município de Maracaju, Rio Brilhante, ­que já até se chamou de Cayuás (devido aos inúmeros indígenas Kaiowá que moram nesta localidade), nas proximidades dos Rios Dourados, Amambaí, Ivinhema até o Rio Paraná, onde faziam fronteira com outras comunidades indígenas, entre elas os Guayakis. Essa vastidão de terras praticamente boa parte do sul de Mato Grosso do Sul, era riquíssima em caça, pesca e frutos.[2]

OS GUARANI-KAIOWÁ

Os Guarani-Kaiowá eram excelentes caçadores. Durante inúmeras per­seguições, eles aprenderam a reconstruir as formas e movimentos dos animais caçados por eles, por meio das pegadas deixadas nas lamas, dos ramos das folhas que ficam quebrados nos caminhos, os odores estagna­dos em determinado ponto, os pelos que ficam em lugares diversos percorridos pelos animais, mas compreensível ao ser humano. Os indígenas aprenderam por meio de suas caças, a interpretarem os passos dos animais caçados e também a registrarem e a classificarem pistas infinitamente pequenas. Os indígenas aprenderam a fazer operações men­tais complexas com rapidez fulminante, no interior de uma mata ou num campo cheios de buracos de tatu onde cavalos e bois, não podem andar. Gerações e gerações de caçadores enriqueceram e transmiti­ram esse processo de aprendizagem e de aquisição de conhecimento que continua ainda até os nossos dias.
O caçador teria sido o primeiro a “narrar uma história”, porque era o único capaz de ler ou decifrar nas pistas mudas (se não imperceptíveis) deixadas pelos animais, uma série coerente de eventos.[3]




[1] Segundo Capilé e outros chamavam de: OS CAAYIÚAS, que significa: TOMADORES DE MATE. Mas foi se abrasileirando e foram chamados de CAYUÁS, depois de CAIUÁS e atualmente o correto é KAIOWÁ.
[2] Importante atividade de marcar os rios citados. Fonte: CAPILÉ JUNIOR, João A .; CAPILÉ, Júlio.; CRUZ E SOUZA, M. L. História, fatos e coisas douradenses. Dourados: s. e., 1995. 394p.
CAPILÉ, Júlio. Antigamente era assim, crônicas. Brasília: Ed. do Autor, 2004. 319p.
[3] Ver Mais, GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais; morfologia e história. Trad. Frederico Carati. São Paulo: Cia das letras, 1989. p. 151.

Nenhum comentário:

Postar um comentário