sábado, 9 de agosto de 2014

BRASÃO OFICIAL DE DOURADOS: saiba mais

O Brasão oficial de Dourados tem em letras maiúsculas que Dourados é terra de Antônio João.

No caso especifico de Dourados, os símbolos que compõem as armas municipais são o brasão, a bandeira e o hino.
O brasão de armas foi apresentado em forma de projeto pelo vereador Walter Brandão da Silva, os croquis aprovado pela Câmara Municipal de Dourados e assinado pelo prefeito João da Câmara (1967-1970) em 30 de dezembro de 1970, ou seja, na véspera de deixar o cargo ao prefeito eleito, Jorge Antônio Salomão (1970-1973). É aprovada a Lei n.º 743, que criava oficialmente o brasão de armas municipal.
É importante destacar que um brasão não é definido apenas visualmente, mas antes pela sua descrição escrita, a qual é dada uma interpretação própria, feita pela imagem que representa, em forma de desenhos especiais, por meio de sinais, histórias, cores, adornos, poder, identidade e silêncios.
Conforme a lei 743/70, o Brasão Oficial de Dourados[1] tem os seguintes significados:
No Brasão, aparecem em primeiro plano, duas lâminas chamadas "aiveca" e ramos de arroz. A aiveca da direita simboliza o colono, a da esquerda, a agricultura e os ramos de arroz são o sinal convencional de toda a espécie de lavoura do município.
O livro simboliza o registro dos grandes feitos históricos, como por, exemplo, o héroi, “Antonio João Ribeiro” e o “colono”.
As páginas brancas refletem a pureza, a cultura e a dignidade do povo douradense. No centro está uma linha horizontal sem nenhum relevo, representando a situação geográfica de Dourados no planalto.
Ao alto, acha-se uma chaminé que simboliza o futuro e o progresso de Dourados; abaixo no Brasão, lemos: "Dourados - 20 de dezembro de 1935", o nome da cidade e a data de sua fundação, entre estes, encontramos onze traços que simbolizam os distritos e no centro do Brasão encontramos um traço que significa a sede do município.
A cor Amarela simboliza a riqueza do solo, a cor Azul a grandeza do municipio.
Acima, a coroa heráldica mostrando o mural do município.
Abaixo, uma faixa de ostentação do Brasão com o seguinte: “TERRA DE ANTÔNIO JOÃO" em homenagem ao herói brasileiro da Guerra do Paraguai.
(GRESSLER & SWENSSON, 1988, p. 121-123).


O desenho do brasão representa as características históricas, culturais e sociais do município. O brasão tem significações especificas, em formato de desenhos e cores, para se diferenciarem e se distinguirem. Ou seja, o brasão é uma “marca”, um “sinal”, uma “logomarca”, uma “representação oficial” da cidade de Dourados como um todo.
O brasão oficial de Dourados pode também ser empregado sobre outros suportes, como bandeiras, vestuário (camisetas escolares, uniformes de jogos, material escolar, entre outros), elementos arquitetônicos, mobiliário, objetos pessoais, carros oficiais e em serviços, papel timbrado, ou melhor, em todas as atividades oficiais do município o brasão tem que estar presente.
O Brasão de Armas ou, simplesmente, Brasão, origina-se da tradição europeia medieval e no Brasil, o Brasão de Armas é utilizada desde a época Imperial até o tempo presente. A palavra Brasão vem do alemão blasem, que significa tocar buzina, já que era ao seu toque, que os cavaleiros medievais se lançavam ao combate. Daí o legado dos brasões oficiais brasileiros em forma de escudos medievais nos desenhos.
Forma de escudo medieval

                                                                      

Imagem acima em forma de escudo.                
O brasão de Dourados traduz a tradição européia,
pois o seu desenho principal apresenta
um escudo de formato medieval

Atualmente no Brasil, o brasão é um desenho especificamente criado – obedecendo o formato da lei da heráldica[1] - com a finalidade de identificar Munícipios, Estados, e muitas vezes, famílias, clãs, corporações e empresas.
Em 08 de maio de 1810, tem como data o estabelecimento oficial de uma heráldica brasileira, em que foi criado no Rio de Janeiro, a “Nobre Corporação dos Reis de Armas”, vinculada a Corporação de Armas da Casa Imperial.[2] Para o Rei poder expedir aos “nobres”, os “símbolos de distinção e de prestígio”. Segundo a pesquisadora Lilia Moritz Schwarcz, no Brasil a figura no nobre tornou-se um adorno dos reis, um crédito, especial da monarquia, que efetivou certos elementos diferentes dos demais. Nobre quer dizer: “conhecido”, “notável”, “ilustre”, “célebre”. Na época da monarquia o poder simbólico era fortemente pautado em uma agenda de festas, rituais e imagens. A monarquia brasileira utilizou das representações simbólicas de longa duração, associando o soberano à idéia de justiça, ordem, paz e equilíbrio. O brasão de cada nobre era registrado na Casa Imperial e pagava-se muito caro[3]. Para evitar plágios, cada brasão continha especificidades criadas por especialistas da heráldica.
O brasão, desde o período monárquico, até os nossos dias, continua como símbolo imprescindível do poder constituído.
É importante realçar que a imagem do brasão é constituída de significados, não é apenas pela imagem, mas por um código, para se tornarem compreensíveis dentro duma dada comunidade, a totalidade das relações entre significantes e significados. Desta forma, cada comunidade desenvolve os seus sistemas de signos e respectivos códigos, para poder viabilizar a comunicação entre os seus membros.
Os códigos são explicados por meio do croqui aprovado pela Câmara Municipal e instituído em forma de Lei. A definição do memorial descritivo, segundo publicados em livros e trabalhos acadêmicos definem assim:



































As analises acerca do brasão oficial de Dourados realizada por Mercolis Alexandre Ernandes em sua dissertação de mestrado, “A construção da Identidade Douradense (1920 a 1990)”, defendida em 2009 na UFGD, mostra todo o aparato que é montado para representar as identidades oficiais de Dourados durante o século XX.
De acordo com estudos realizados por Mercolis Alexandre Ernandes, o brasão é relativamente simples, nas cores, “azul e amarelo que traz elementos que simbolizam a eternidade dos componentes originais da cidade”. (ERNANDES, 2009, p. 88). Para Ernandes “O colono contemplado pelo brasão é o mesmo homenageado com a estátua na praça central, ou seja, o homem trabalhador que ocupou o território à mercê da sorte”. (Id. p. 88).
O historiador Ernandes chama a atenção de que só o tenente Antônio João é lembrado no brasão oficial de Dourados. “O tenente era motivo de orgulho para a nação, e mais orgulho ainda para as munícipes, que agora ocupavam o solo defendido por ele, sendo preciso estar sempre a zelar pelo pedaço de chão conquistado”. (ERNANDES, 2009, p. 89).  
Nesse período, início dos anos setenta, governo militar (ditadura), “AI-5”, o herói mereceu destaque especial no brasão como o maior representante de Dourados, pois bravura, heroísmo, nacionalismo, valentia, patriotismo, eram ícones defendidos por parte de intelectuais moradores em Dourados.
O livro aberto simboliza que o passado foi reunido, que uma parte da história foi escrita, a história da “nova canaan”. A página que é apresentada está em branco, anunciando que ainda faltam textos, histórias a serem escritas, e todos são convocados a escrever e contribuir para o progresso e civilização do município. Sugere, também, que há espaço para que novas histórias sejam narradas no mesmo ritmo da “marcha vertiginosa para o progresso”. O branco, por sua vez, comporta o que é puro, culto e digno. (ERNANDES, 2009, p. 89).

Para Ernandes no conjunto de elementos, cores e significações do brasão “há a intenção clara de disponibilizar para à população meios de se sentir pertencida” (ERNANDES, 2009, p. 89). Nesse sentido, é importante poder analisar os detalhes de como é composta as significações do brasão de Dourados, suas representações, suas marcas, suas intenções e seus silêncios.

As outras categorias são amplas e tentam abarcar de modo abrangente a população: o colono é o indivíduo que abriu a mata, aldeou os índios, cultivou a terra, e ajudou a construir a cidade. Os “demais imigrantes” devem se sentir pertencidos a terra por um livro aberto com páginas em branco, estando por conta de eles inserirem sua participação na história municipal. (ERNANDES, 2009, p. 89).

Mercolis Alexandre Ernandes apresenta uma analise convincente e conveniente sobre os símbolos que representam a cidade de Dourados, embasados em fontes seguras, com suportes e conceitos metodológicos que trazem debates interessantes e reflexivos sobre a construção das identidades douradenses. Ernandes afirma que “a construção polifônica para a qual contribuíram os discursos da imprensa e da Igreja Católica, dos memorialistas e do governo municipal, dos monumentos públicos e dos símbolos oficiais”. (ERNANDES, 2009, p. 06). Por isso, os símbolos que representam a cidade de Dourados são carregados de insígnias, criadas por intelectuais, artistas, pesquisadores, por meio de lideranças, personalidades, políticos, que representavam ao anseio de uma parcela influente da elite douradense.

Os símbolos que compõem as armas municipais corroboram o discurso homogeneizador. Brasão, Hino e Bandeira, foram criados, na década de 1970, para representar uma cidade pacífica, próspera, hospitaleira, rica e ordeira. Eles são representações de uma realidade almejada e foram divulgados amplamente nas escolas, nas cerimônias oficiais, em datas comemorativas ou eventos cívicos. Assim como a história oficializada, estes símbolos não se referem às diferenças tradições que existem em Dourados, o objetivo deles é fortalecer a coesão social. (ERNANDES, 2009, p, 114).

As analises ponderadas por Ernades desde os anos de 1920 até os anos de 1990 do século XX, em que o historiador faz uma reflexão sobre as construções das identidades douradenses neste período em que debate pontos importantes divulgados por meios dos jornais, dos memorialistas, dos monumentos, das igrejas (católica e protestante), documentos, vídeos.
Dourados ao longo dos anos do século XX procurou um rosto, uma cara, uma fisionomia própria, peculiar, diferente, que acrescente todos os povos. Deste modo, oficialmente, divulga-se uma cidade pacífica, serena, labutadora, progressista e moderna.
Por meio da criação de mitos fundadores, heróis, símbolos oficiais e monumentos, datas e fatos importantes a serem celebrados, procurou-se administrar a multiculturalidade com o discurso de uma sociedade ordeira, trabalhadora, feliz e hospitaleira. Para tal foi necessário criar laços de solidariedade a fim de homogeneizar as diferenças e representar Dourados, como uma terra sem conflitos, repleta de oportunidades e sentinela da brasilidade, a terra de todos os povos.

Na visão da historiadora Camila Cremonese-Adamo O brasão tem detalhes mais sofisticados, “está confeccionado nos moldes de melhor interpretação, na fácil confecção de clichês em cores e preto-branco, e a fácil reprodução mesmo por alunos do primário”. (CREMONESE-ADMAO, 2010, p. 145). Mas o que realmente seduziu a atenção da historiadora foi à frase “TERRA DE ANTÔNIO JOÃO” escrito em letras maiúsculas e em destaque absoluto.

Mas o que realmente chama a atenção é a existência de uma faixa abaixo do desenho do brasão, com o dístico: Terra de Antônio João. A afirmação é significativa, pois não deixa margem para dúvidas; Dourados é a terra de Antônio João. No parágrafo que explica a faixa, temos o argumento de que se trata de uma “homenagem ao defensor deste solo” (cf. Memorial descritivo, 1970). Já nesse momento era suficientemente popularizada a idéia de que o Tenente Antônio João era uma figura presente e pertencente à realidade douradense. (CREMONESE-ADMAO, 2010, p. 145, grifos meus).As analises acerca do brasão oficial de Dourados realizada por Mercolis Alexandre Ernandes em sua dissertação de mestrado, “A construção da Identidade Douradense (1920 a 1990)”, defendida em 2009 na UFGD, mostra todo o aparato que é montado para representar as identidades oficiais de Dourados durante o século XX.
De acordo com estudos realizados por Mercolis Alexandre Ernandes, o brasão é relativamente simples, nas cores, “azul e amarelo que traz elementos que simbolizam a eternidade dos componentes originais da cidade”. (ERNANDES, 2009, p. 88). Para Ernandes “O colono contemplado pelo brasão é o mesmo homenageado com a estátua na praça central, ou seja, o homem trabalhador que ocupou o território à mercê da sorte”. (Id. p. 88).
O historiador Ernandes chama a atenção de que só o tenente Antônio João é lembrado no brasão oficial de Dourados. “O tenente era motivo de orgulho para a nação, e mais orgulho ainda para as munícipes, que agora ocupavam o solo defendido por ele, sendo preciso estar sempre a zelar pelo pedaço de chão conquistado”. (ERNANDES, 2009, p. 89).  
Nesse período, início dos anos setenta, governo militar (ditadura), “AI-5”, o herói mereceu destaque especial no brasão como o maior representante de Dourados, pois bravura, heroísmo, nacionalismo, valentia, patriotismo, eram ícones defendidos por parte de intelectuais moradores em Dourados.
O livro aberto simboliza que o passado foi reunido, que uma parte da história foi escrita, a história da “nova canaan”. A página que é apresentada está em branco, anunciando que ainda faltam textos, histórias a serem escritas, e todos são convocados a escrever e contribuir para o progresso e civilização do município. Sugere, também, que há espaço para que novas histórias sejam narradas no mesmo ritmo da “marcha vertiginosa para o progresso”. O branco, por sua vez, comporta o que é puro, culto e digno. (ERNANDES, 2009, p. 89).

Para Ernandes no conjunto de elementos, cores e significações do brasão “há a intenção clara de disponibilizar para à população meios de se sentir pertencida” (ERNANDES, 2009, p. 89). Nesse sentido, é importante poder analisar os detalhes de como é composta as significações do brasão de Dourados, suas representações, suas marcas, suas intenções e seus silêncios.

As outras categorias são amplas e tentam abarcar de modo abrangente a população: o colono é o indivíduo que abriu a mata, aldeou os índios, cultivou a terra, e ajudou a construir a cidade. Os “demais imigrantes” devem se sentir pertencidos a terra por um livro aberto com páginas em branco, estando por conta de eles inserirem sua participação na história municipal. (ERNANDES, 2009, p. 89).

Mercolis Alexandre Ernandes apresenta uma analise convincente e conveniente sobre os símbolos que representam a cidade de Dourados, embasados em fontes seguras, com suportes e conceitos metodológicos que trazem debates interessantes e reflexivos sobre a construção das identidades douradenses. Ernandes afirma que “a construção polifônica para a qual contribuíram os discursos da imprensa e da Igreja Católica, dos memorialistas e do governo municipal, dos monumentos públicos e dos símbolos oficiais”. (ERNANDES, 2009, p. 06). Por isso, os símbolos que representam a cidade de Dourados são carregados de insígnias, criadas por intelectuais, artistas, pesquisadores, por meio de lideranças, personalidades, políticos, que representavam ao anseio de uma parcela influente da elite douradense.

Os símbolos que compõem as armas municipais corroboram o discurso homogeneizador. Brasão, Hino e Bandeira, foram criados, na década de 1970, para representar uma cidade pacífica, próspera, hospitaleira, rica e ordeira. Eles são representações de uma realidade almejada e foram divulgados amplamente nas escolas, nas cerimônias oficiais, em datas comemorativas ou eventos cívicos. Assim como a história oficializada, estes símbolos não se referem às diferenças tradições que existem em Dourados, o objetivo deles é fortalecer a coesão social. (ERNANDES, 2009, p, 114).

As analises ponderadas por Ernades desde os anos de 1920 até os anos de 1990 do século XX, em que o historiador faz uma reflexão sobre as construções das identidades douradenses neste período em que debate pontos importantes divulgados por meios dos jornais, dos memorialistas, dos monumentos, das igrejas (católica e protestante), documentos, vídeos.
Dourados ao longo dos anos do século XX procurou um rosto, uma cara, uma fisionomia própria, peculiar, diferente, que acrescente todos os povos. Deste modo, oficialmente, divulga-se uma cidade pacífica, serena, labutadora, progressista e moderna.
Por meio da criação de mitos fundadores, heróis, símbolos oficiais e monumentos, datas e fatos importantes a serem celebrados, procurou-se administrar a multiculturalidade com o discurso de uma sociedade ordeira, trabalhadora, feliz e hospitaleira. Para tal foi necessário criar laços de solidariedade a fim de homogeneizar as diferenças e representar Dourados, como uma terra sem conflitos, repleta de oportunidades e sentinela da brasilidade, a terra de todos os povos.

Na visão da historiadora Camila Cremonese-Adamo O brasão tem detalhes mais sofisticados, “está confeccionado nos moldes de melhor interpretação, na fácil confecção de clichês em cores e preto-branco, e a fácil reprodução mesmo por alunos do primário”. (CREMONESE-ADMAO, 2010, p. 145). Mas o que realmente seduziu a atenção da historiadora foi à frase “TERRA DE ANTÔNIO JOÃO” escrito em letras maiúsculas e em destaque absoluto.

Mas o que realmente chama a atenção é a existência de uma faixa abaixo do desenho do brasão, com o dístico: Terra de Antônio João. A afirmação é significativa, pois não deixa margem para dúvidas; Dourados é a terra de Antônio João. No parágrafo que explica a faixa, temos o argumento de que se trata de uma “homenagem ao defensor deste solo” (cf. Memorial descritivo, 1970). Já nesse momento era suficientemente popularizada a idéia de que o Tenente Antônio João era uma figura presente e pertencente à realidade douradense. (CREMONESE-ADMAO, 2010, p. 145, grifos meus).

Nota-se, conforme as considerações e as observações aqui apresentadas, de que o poder oficial do município, tem papel fundamental na criação de uma imagem que associasse a figura do tenente Antônio João Ribeiro com a cidade de Dourados.
“Terra de Antônio João”, por muito tempo, até os anos noventa do século XX, parte da elite douradense entre intelectuais e personalidades, elegeram o tenente Antônio João com sendo deste solo.

[1] Os estudos sobre a arte e a utilização dos brasões, composição, uso e interpretação é uma especialidade denominada "heráldica". A origem de tal prática, foi instituído em Portugal no final do século XII, durante as cruza­das, que essa simbologia ficou sujeita a regras fixas de composição, ditadas e fiscalizadas pelo poder real e por instuições a ele vinculadas. Data de 1183 o primeiro documento heráldico português: o brasonário real de Afonso Henriques.
[2] De acordo com Lilia Schwarcz, a Nobre Corporação dos Reis de Armas — o cartório da nobreza — foi instalada na corte do Rio de Janeiro em 1810, “dando continuidade, em terras brasileiras, aos habituais procedimentos lusitanos para a formalização das mercês de títulos e cartas de brasões. Eram encarregados do serviço um rei de armas, um arauto, um passavante e um escrivão dos brasões da nobreza e fidalguia do Império”. (SCHWARCZ, 1998, p. 171).
[3] O escrivão da nobreza e fidalguia do Império era encarregado de regis­trar em livros as concessões de títulos e brasões. o pagamento de taxas para o recebimento da carta de mercê nova, e seu respec­tivo registro em livro, era necessário para completar a legalização dos trâmi­tes. Da mesma forma, o direito ao uso de brasões dependia de um acerto de contas, seguido de registro. “O uso indevido de títulos, condecorações e brasões era assunto de polícia: dava cadeia e multa. Em 1871, o crime foi qualificado de estelionato e punido como tal”. (SCHWARCZ, 1998, 171-172).
 Nos últimos anos tem aflorado importantes debates em relação às identidades culturais douradenses nas comunidades universitárias, artísticas, literárias e na imprensa de um modo geral. Que criam ícones sobre aspectos históricos da formação da identidade da cidade.
Acendem também as pesquisas que retratam a cidade de Dourados. Fontes como: dissertações, documentos oficiais, leis, atas de associação, textos de jornais, monumentos, fotos, livros, artigos, museus, centro de documentação.
Temos que ter a humildade de reconhecer o “erro” histórico em afirmar que Antônio João e a Colônia Militar dos Dourados pertenciam ao município de Dourados. O que não é verdade, pois é comprovadamente que a Colônia Militar dos Dourados, atual Parque Histórico Colônia Militar dos Dourados localiza-se em outro município que já tem como nome: Antônio João. Por isso, é necessário abrir debates para discutir as identidades douradenses na metodologia do multicultural, do fronteiriço, do tolerante e da inclusão. Não podemos aceitar a ideia enganosa de adotar um herói que não nos pertence e se apropriar do ícone “Terra de Antônio João” em que o “recordar”, o “rememorar”, o “lembrar”, direciona a imagem como que se fosse do município de Dourados, o que não é correto, já que temos o município com o próprio nome de Antonio João e o momento em que o tenente foi morto na Colônia Militar dos Dourados, atual Parque Histórico Colônia Militar dos Dourados, ambas pertencem ao município de Antônio João-MS.
Por que a troca do brasão oficial de Dourados, TERRA DE ANTÔNIO JOÃO por TERRA DE TODOS OS POVOS.
Não temos que ter heróis valentões, brutos, sanguinários, assassinos. Como uma cidade que oferece cursos de pós-graduação em nível de doutorado aceitar um erro histórico e geográfico. Os tempos são outros, temos que desarmar as pessoas de armas de fogo e não incentivá-las, não podemos ficar estimulando a violência para que todos andem armados. Temos que incentivar sim a inteligência, aos estudos, cuidar da terra dadivosa, respeito ao próximo, ao trabalho, ao lazer, a todos os povos que aqui residem, que faz do dia a dia ser uma cidade progressista e generosa.
Apresentamos o poder da Armas de Dourados, especificamente, o Brasão oficial da cidade de Dourados-MS. Como foi instituído o brasão oficial de Dourados? O que significa o brasão? O que representa o Brasão? Quais os problemas apresentados na reapresentação e apresentação do Brasão oficial de Dourados? Um dos problemas da representação do brasão que tem no dístico com letras maiúsculas escritas no Brasão: DOURADOS TERRA DE ANTÔNIO JOÃO. Está comprovado que é um erro histórico e geográfico, já que, Antônio João é um município do estado de Mato Grosso do Sul e localiza-se aproximadamente a 130 quilômetros do município de Dourados.
A nossa proposta para este debate é a troca da frase do dístico do brasão por DOURADOS TERRA DE TODOS OS POVOS E DE TODAS AS CORES! E justificamos porque a cidade de Dourados é habitada por paraguaios, gaúchos, italianos, japoneses, portugueses, árabes, italianos, alemães, nordestinos (pernambucanos, baianos, cearenses, sergipanos, alagoanos, paraibanos, maranhenses, piauienses, potiguarenses), paulistas, paranaenses, mineiros, catarinenses, afrobrasileiros, terena, guarani, kaiowá, mato-grossenses, sul-mato-grossenses, entre outros.
Contextualizamos o porquê que Antônio João foi adotado como douradense nos anos de 1940-1970. A homenagem na cidade de Dourados com o nome da principal praça e com uma estatua, em monumentos, maçonaria, escola e no brasão.
Esperamos que este tema possam fazer novas reflexões e novas abordagens sobre as identidades de Dourados, com debates entre as entidades representativas do município com debates calorosos e de ações para a valorização da memória e da cultura de Dourados.
As análises conceituais aqui tratadas são para entusiasmar e incentivar debates que colaborem na construção de identidades multiculturais entre os moradores da cidade de Dourados-MS.
REFERÊNCIAS:
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AMARILHA, Carlos Magno Mieres (Org.), SILVA, Luciano Serafim da (Org.), COELHO, Nicanor Souza (Org.). Patrimônio Cultural de Mato Grosso do Sul: Identidades e Memórias. Dourados-MS: Nicanor Coelho-Editor, 2008. v. 1, 160p.
AMARILHA, Carlos Magno Mieres (Org.), SILVA, Luciano Serafim da (Org.). Mato Grosso do Sul: Poder, Memórias e Poder. Dourados-MS: Nicanor Coelho-Editor, 2008. v. 1, 160 p
AMARILHA, Carlos Magno Mieres (Org.), SILVA, Luciano Serafim da (Org.), Vozes Guarany: histórias de vidas sul-mato-grossenses. Dourados: Grupo Literário Arandu. 2010. 264p.
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www.douradosnews.com.br, matéria, “Minha Dourados”, acesso, dia 20-12-2012.
http://brasoes.422ndbrasil.com/bras_hist4.htm



[1] De acordo com as cópias dos croquis apresentado pelo Sr. Pedro Gomes do Nascimento e aprovado pela Câmara Municipal do ano de 1970. (cf. CREMONESE-ADMAO, 2010, p. 148).

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